AMA-ZÔNIA

Não tenho a pele de índio. Não tenho os cabelos de índio. Não sei tanto quanto gostaria da cultura dos índios. Mas mesmo de pele clara e olhos verdes, em mim há sangue indígena. É, sei que não parece muito, mas tem.

Nasci em Belém do Pará. Tenho muito orgulho disso, da minha terra, das iguarias, mitologias, a vida ribeirinha, as estórias das florestas. Meu nome tem Maués. Holandeses se apropriaram do nome do rio Maué no estado do Amazonas, da tribo Maué, os índios Maués. Também estamos misturados aos Tocantins, Acatauassú, entre tantos outros.

Sim, foram brancos europeus que por lá nos 1600 ali se instalaram. E ficaram.

Somos várias gerações que por mais sangue europeu que possamos ter, foi misturado ao sangue nativo, à cultura nativa, e nos orgulhamos muito de sermos de onde somos: AMAZÔNIA.

Nos orgulhamos de nossas lendas, de nossa arte primitiva, de nossa culinária única de origem nativa que por natureza é extremamente sofisticada, variada e delicada.

Nos orgulhamos do carimbó, do sirimbó e até do brega que é nativo e hoje é sucesso nacional através de ícones como Gaby Amaranto – confesso que não gosto do estilo brega, mas me orgulho do seu sucesso.

Nos orgulhamos dos nossos rios, dos grandes e dos pequenos, dos d’água morna aos gelados e transparentes igarapés.

Nos orgulhamos de nossa mata, de nossas frutas exóticas ao ver do mundo, das nossas gigantescas samaúmas, de ruas de mangueiras.

Nós, da Amazônia, temos prazer e orgulho de andar com roupas que digam “açaí”, que tenham imagens de nossos pontos turísticos, do Ver-o-Peso ao Teatro de Manaus. Com desenhos de nossos animais e nossa flora. Sabe, para a gente, isso não é coisa “para turista ver”! Essas coisas são nossas, fazem parte de nós e levamos com honra e prazer.

Nós fazemos tatuagens tribais nossas, próprias, da nossa estória. Erês, desenhos marajoaras, do xingu, arte rupestre. Temos orgulho de marcar nossa pele com nossos próprios símbolos.

Somos um povo alegre e que tem tanto orgulho do que somos e de onde somos, que recebemos os turistas dentro de nossas casas, para um café com bolinhos de tapioca, um almoço de pato no tucupi, ou que seja para tomar um açaí com camarão seco. Mas tenha certeza que vamos lhe servir com orgulho o que é nosso. E vamos fazer questão de lhe presentear com aquilo que notamos que mais gostou: bombons de cupuaçu ou castanhas do Pará, um frasco de cheiro do Pará, uma lembrança em cerâmica ou madeira ou de miriti.

Somos um povo que tem muito orgulho de nossa terra, de nossas origens, e adoramos compartilhar isso. Nós queremos nossa AMAZÔNIA, nossos índios, nossa arte e nossa cultura preservada para que muitos e por longos anos possam desfrutar dela com o mesmo prazer que nós desfrutamos. Nossa terra já foi muito abusada, roubada, extorquida de suas riquezas…

Por Amazônia, pela Amazônia, por nós, deixem a maior floresta do mundo seguir sendo assim. Tenham orgulho do que temos, ela também pertence ao país, você não precisa ser de lá para se sentir parte dela. E venham, curtam e desfrutem dela, mas não a destruam. Há Amazônia para todos nós… enquanto assim permaneça.

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